domingo, 22 de março de 2009

A alta fidelidade como um projeto masculino

Boa parte da propaganda do governo dos Estados Unidos durante e após o período da Segunda Grande Guerra era destinada à mulher. A "rainha do lar" havia tornado-se o alvo preferido da publicidade que utilizava os avanços tecnológicos como chamariz para a venda de produtos para a casa. Por mais que esse cotidiano tecnológico estivesse distante do imaginário doméstico suburbano da maior parte dos lares norte-americanos, era inevitável encontrar-se a menção a avanços como a energia nuclear nos mais simples eletrodomésticos, como no anúncio de 1955, em que a General Electric vangloria-se de ter fornecido energia para os primeiros hambúrgueres feitos com energia atômica. “Atomburgers coming right up!” (apud TAYLOR 2001, p. 77)
Em casa, restava ao homem o espaço da sala que era ocupado, nas décadas de 40 e 50, pelo rádio e pela televisão. Nos anos 50 e 60, o som de “alta-fidelidade” (high fidelity) ocupou essa posição masculina na arquitetura dos lares americanos. Assim, para autores como Timothy Taylor e Keir Keithtley, a questão do som doméstico e do desejo de fidelidade assumido por essa escuta, seria também uma questão de gênero.
Como indicamos no texto, seguem algumas das capas de LPs da época. Esses títulos foram citados por Taylor em seu livro "Strange Sounds". Podemos ver a presença, quase sempre, de uma bela mulher (sensual e com pouca roupa) e algum artefato da Era Espacial.